Cultura

Negra, surda e Alice

Moiza Machado

‘Eu sou Alice’- diz a clássica personagem de Lewis Carroll, da obra Alice no país das Maravilhas. Mas, se você espera a menina de cabelos loiros e olhos azuis, que a Disney imortalizou, esqueça, quem vive a personagem é Brenda Artigas, atriz negra do grupo Signatores. E não é apenas uma Alice ‘brasileira’ o único paradigma quebrado pelo grupo. Brenda é surda, assim como todos os demais atores, que encenam a adaptação da obra, com mais de 150 anos, em Linguagem Brasileira de Sinais (LIBRAS). A peça propõe uma inversão de papéis, encenada para surdos, propicia acessibilidade para os ouvintes com dois narradores que dão voz aos personagens.

Alice no País das Maravilhas é o quarto espetáculo do grupo, criado em 2010, que já apresentou: ‘Aventuras no reino surdo’, ‘Memórias na ponta dos dedos’ e ‘O ensaio de Alice’. Se as três primeiras tinham a surdez como temática, Alice é apenas uma história contada em Libras. Em cena, os clássicos personagens como o Coelho, Rainha de Copas, o gato Cheshire e o Chapeleiro Maluco.

Engana-se quem aposta no silêncio, além dos narradores, a montagem confia na sonoplastia, na trilha sonora e no cenário de enormes dobraduras e cubos que se transformam ao longo do espetáculo. O mote para criação do Signatores, segundo a coordenadora e diretora, Adriana Somacal, surgiu com a pergunta ‘como ensinar teatro para surdos? De lá para cá, o grupo, que envolve pesquisadores e professores, tem se debruçado sobre o tema, buscando aproximar os surdos do teatro e explorando as possibilidades de criação artística nessa área.

O espetáculo foi apresentado nos dias 22,23, 29 e 30, no Teatro do Centro Histórico-Cultural Santa Casa, em Porto Alegre, novas apresentações ainda não possuem data marcada. Maiores informações podem ser obtidas em: http://signatores.com.br .

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